Artista brasileira residente em Nova Iorque, Adriana Varella utiliza múltiplas mídias em suas obras, tais como instalação, vídeo, som, fotografia, desenho e escultura. Em seu trabalho, busca desafiar o imaginário ao usar intervenções, experimentações e buscar novas propostas. As obras inéditas de Adriana são inspiradas na idéia Trans (transição/translúcido/transgressão/transmutação/transversal), que contempla o homem e sua relação com o espaço público, seja ele urbano ou rural.
Até o 25 de Julho, a videoinstalação Trans pequenos esboços ocupa as paredes e chão da galeria do Oi Futuro Ipanema, em um clima imaginário de sonho.
Rio no Mapa convidou a Adriana para estreiar a nova seção Entre-vistA, que tem por objetivo conhecer os pontos de vista de pessoas criativas que se expressam a través da arte, em todas as formas.
(por Ana Schlimovich)
RNM: Você começou a trabalhar com imagem há 20 anos atrás, quando os recursos tecnológicos eram sumamente limitados. O que pode dizer sobre o pulo que deu a tecnologia no mundo e a influência que teve no seu trabalho? como modificou o mundo artístico o fato da tecnologia ser acessível para todo mundo?
Adriana Varella: Muito interessante esta pergunta. Há 20 anos os recursos tecnológicos eram mais limitados dos que hoje em dia sim, mas não tão limitados quanto nos tempos dos pioneiros (Nam June Paik, Wolf Vostell, Letícia Parente, Sonia Andrade, Fernando Cocchiarelle, Ivens Machado, e tantos outros). Estes sim, parecem que teriam que dividir uma única grande e pesada câmera e equipamentos realmente estranhos e totalmente desafiadores. Mas parece que se divertiam muito.
Na minha época os equipamentos eram caros e inaccessíveis para a grande a maioria, mas já eram formatos em médio e pequeno porte. O fato dos equipamentos e tecnologias agora estarem mais baratos e accessíveis, o surgimento da internet e de câmeras portáteis contribui para o fato de mais pessoas poderem desenvolver suas aptidões artísticas através destas mídias. Podemos ver então uma grande quantidade de ótimos artistas, propostas inovadoras e criativas, caminhos nunca imaginados. São varias e infinitas possibilidades brotando nos mais diferentes caminhos. Dessa maneira, o mito de que “todo mundo e um artista” começa a se tornar uma realidade e isso é maravilhoso.
RNM: Morar em outro país deve ter efeitos notáveis no seu trabalho, quais são? olhando um pouco de fora, um pouco de dentro, como ve na atualidade os processos artísticos no Brasil e na América Latina?
AV: Há 20 anos atrás podíamos fazer no Brasil muito mais que hoje em dia pelo visto. Outro dia espalhei um pôster com um projeto da Márcia X por toda NY de um trabalho dela que foi censurado numa exposição aqui. Foi uma forma de censura.
Fiz um trabalho chamado “Exorcizando a Igreja”, onde coloquei nas grandes portas da Judsom Memorial Church de NY mais de 800 paginas da bíblia em espanhol com imagens da inquisição. Mas o padre da igreja ainda me pediu para o projeto ficar o mês todo, pois estava previsto ficar somente 3 dias.
Em NY há incentivo e apoio a arte publica. Fui convidada por Judith Molina do Living Theater para apresentar e experimentar meu laboratório de arte com o publico, e este experimento já foi considerado um dos projetos mais experimentais em arte underground da cidade. Artistas precisam de solo fértil e grandes desafios para desenvolverem suas idéias e lá é local onde se encontram milhares de artistas das mais diferentes nacionalidades, culturas e experiências. Uma verdadeira babel. Mas para mim os artistas brasileiros e latinos são tão bons ou melhores quanto qualquer outro artista de qualquer parte do mundo.
RNM: Segundo a sua experiência, quais rumos deveria tomar um artista para conseguir expressar, dar a conhecer e viver do seu trabalho no mundo de hoje, na era post-industrial?
AV: Acho que só trabalhando “consciência e ação”. Uma das principais frases que todo artista tem que meter na cabeça e “só tem poder aquilo que você faz ter poder”, então primeiro destrua os seus mitos, acredite que você e tão bom quanto qualquer um, principalmente os artistas internacionais. Mas não queira ser um deles, queira ser você, porque você e único.
Coletive-se, junte-se com seus amigos críticos, curadores, galeristas ou o que for e invente seu sistema de arte em paralelo. Faça laboratórios e, acima de tudo, arrisque, experimente, experimente, experimente ... Não queira que seu trabalho seja renegado a um produto ou mercadoria para satisfazer um mercado, queira desafiar todos os parâmetros, lógicas e possibilidades. Preste atenção no seu processo e no processo de outros artistas sempre.
Com meu laboratório criei uma frase que acho que sintetiza muito bem o que estou tentando falar: “arte para mim não e mais a celebração de individualidades, mas comunhão de únicos “.
RNM: O que acha da iniciativa da Oi, de apoiar forte e concretamente a arte?
A Oi e o Oi Futuro estão dando oportunidades e espaços para um grande numero de artistas das mais variadas áreas. Os centros culturais são um dos poucos lugares no Rio de Janeiro que apostam na arte e tecnologia, além de incentivar e documentar, através de publicações, as trajetórias destes artistas.
Click aqui, para conhecer o site de Adriana Varella.
Rio no Mapa convidou a Adriana para estreiar a nova seção Entre-vistA, que tem por objetivo conhecer os pontos de vista de pessoas criativas que se expressam a través da arte, em todas as formas.
(por Ana Schlimovich)
RNM: Você começou a trabalhar com imagem há 20 anos atrás, quando os recursos tecnológicos eram sumamente limitados. O que pode dizer sobre o pulo que deu a tecnologia no mundo e a influência que teve no seu trabalho? como modificou o mundo artístico o fato da tecnologia ser acessível para todo mundo?
Adriana Varella: Muito interessante esta pergunta. Há 20 anos os recursos tecnológicos eram mais limitados dos que hoje em dia sim, mas não tão limitados quanto nos tempos dos pioneiros (Nam June Paik, Wolf Vostell, Letícia Parente, Sonia Andrade, Fernando Cocchiarelle, Ivens Machado, e tantos outros). Estes sim, parecem que teriam que dividir uma única grande e pesada câmera e equipamentos realmente estranhos e totalmente desafiadores. Mas parece que se divertiam muito.
Na minha época os equipamentos eram caros e inaccessíveis para a grande a maioria, mas já eram formatos em médio e pequeno porte. O fato dos equipamentos e tecnologias agora estarem mais baratos e accessíveis, o surgimento da internet e de câmeras portáteis contribui para o fato de mais pessoas poderem desenvolver suas aptidões artísticas através destas mídias. Podemos ver então uma grande quantidade de ótimos artistas, propostas inovadoras e criativas, caminhos nunca imaginados. São varias e infinitas possibilidades brotando nos mais diferentes caminhos. Dessa maneira, o mito de que “todo mundo e um artista” começa a se tornar uma realidade e isso é maravilhoso.
RNM: Morar em outro país deve ter efeitos notáveis no seu trabalho, quais são? olhando um pouco de fora, um pouco de dentro, como ve na atualidade os processos artísticos no Brasil e na América Latina?
AV: Há 20 anos atrás podíamos fazer no Brasil muito mais que hoje em dia pelo visto. Outro dia espalhei um pôster com um projeto da Márcia X por toda NY de um trabalho dela que foi censurado numa exposição aqui. Foi uma forma de censura.
Fiz um trabalho chamado “Exorcizando a Igreja”, onde coloquei nas grandes portas da Judsom Memorial Church de NY mais de 800 paginas da bíblia em espanhol com imagens da inquisição. Mas o padre da igreja ainda me pediu para o projeto ficar o mês todo, pois estava previsto ficar somente 3 dias.
Em NY há incentivo e apoio a arte publica. Fui convidada por Judith Molina do Living Theater para apresentar e experimentar meu laboratório de arte com o publico, e este experimento já foi considerado um dos projetos mais experimentais em arte underground da cidade. Artistas precisam de solo fértil e grandes desafios para desenvolverem suas idéias e lá é local onde se encontram milhares de artistas das mais diferentes nacionalidades, culturas e experiências. Uma verdadeira babel. Mas para mim os artistas brasileiros e latinos são tão bons ou melhores quanto qualquer outro artista de qualquer parte do mundo.
RNM: Segundo a sua experiência, quais rumos deveria tomar um artista para conseguir expressar, dar a conhecer e viver do seu trabalho no mundo de hoje, na era post-industrial?
AV: Acho que só trabalhando “consciência e ação”. Uma das principais frases que todo artista tem que meter na cabeça e “só tem poder aquilo que você faz ter poder”, então primeiro destrua os seus mitos, acredite que você e tão bom quanto qualquer um, principalmente os artistas internacionais. Mas não queira ser um deles, queira ser você, porque você e único.
Coletive-se, junte-se com seus amigos críticos, curadores, galeristas ou o que for e invente seu sistema de arte em paralelo. Faça laboratórios e, acima de tudo, arrisque, experimente, experimente, experimente ... Não queira que seu trabalho seja renegado a um produto ou mercadoria para satisfazer um mercado, queira desafiar todos os parâmetros, lógicas e possibilidades. Preste atenção no seu processo e no processo de outros artistas sempre.
Com meu laboratório criei uma frase que acho que sintetiza muito bem o que estou tentando falar: “arte para mim não e mais a celebração de individualidades, mas comunhão de únicos “.
RNM: O que acha da iniciativa da Oi, de apoiar forte e concretamente a arte?
A Oi e o Oi Futuro estão dando oportunidades e espaços para um grande numero de artistas das mais variadas áreas. Os centros culturais são um dos poucos lugares no Rio de Janeiro que apostam na arte e tecnologia, além de incentivar e documentar, através de publicações, as trajetórias destes artistas.
Click aqui, para conhecer o site de Adriana Varella.
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